domingo, 15 de agosto de 2010

A Origem (Inception) - Reflexão

Foi bem difícil articular uma avaliação do filme: "gostei ou nao gostei", "é criativo?", enfim... quem teve a chance de ver Inception, independente de qual opinião tenha, vai concordar que não é um filme simples de classificar e não se pode avaliar de primeira.

Bom, fiquem avisados! SPOOOOOOOIIIILLEEEEERRSSSSS!!!







A sinopse do filme (para quem ainda não viu) é a seguinte: Cobb (Leonardo Di Caprio) é capaz (através de tecnologia) entrar nos sonhos das pessoas e, ao navegar no subconsciente, retirar informação. No entanto, é procurado por Saito (Ken Watanabe) para fazer o contrário, inserir uma idéia na mente do alvo. 
Já de primeira a proposta do filme é bem interessante e algumas idéias do diretor (Chistopher Nolan) são legais: 
  1. O fato de que, quando o subconsciente do "alvo" percebe intrusos, as pessoas - projeções do subconsciente do alvo, passam a hostilizar o invasor - a cena é bem legal pois todos os figurantes ao mesmo tempo encaram o invasor! é bem legal; 
  2. O fato de que "só percebemos que há algo errado, ou seja, que estávamos sonhando, quando acordamos;
  3. Nunca lembramos do início do sonho, ou do final, somente do meio;
  4. Os totens
Mas senti que o mundo dos sonhos foi mal-aproveitado. Era tudo real demais, organizado demais. A única demonstração do subconsciente eram as pessoas presentes no cenário. Nos trabalhos do David Lynch a dinâmica do sonho é muito melhor retratada. 

Outra coisa que achei ruim foi na questão dos "níveis" do subconsciente: Apesar da idéia de camadas ser bem legal, mais uma vez não achei que foi aproveitada. Cada nível se passa dentro do subconsciente de um personagem na equipe, mas não é possível identificar de quem, muito menos é retratado que se passa em um nível mais profundo, apenas são cenários diferentes. A simbologia aqui foi muito pobre. A questão dos totens em compensação foi bem demonstrada, ja que é aqui que a dualidade mora (reparem quando e em quais cenas o totem de Cobb é usado que dá para perceber onde se propõe a dualidade sonho-realidade).

O roteiro de forma geral é inteligente, bem bolado. Mas senti que muito do potencial não foi aproveitado. Se a história trata do subconsciente, a liberdade criativa aqui é infinita, e no caso vimos cenários bem comuns. É como se todos os personagens fossem todos pé-no-chão ao extremo.

O trabalho dos atores é excelente, principalmente Di Caprio. Minha única ressalva é para Ken Watanabe, que basicamente interpretou uma versão corporative e sem brilho do Katsumoto (Ultimo Samurai). A dinamica entre Cobb (Di Caprio) e Saito (Watanabe) me pareceu forçada. Mas de qualquer forma, o trabalho do elenco está muito bom, com um destaque ao Di Caprio.

Um suma, o filme em si é MUITO bom, mesmo. O problema é todo o hype e expectativa colocado nele. Não, não vai mudar a forma como o cinema é feito, muito menos pode ser classificado como o "novo Matrix". O roteiro, apesar de muito bem escrito incorpora idéias já mostradas em outras obras, desde quadrinhos do Tio Patinhas, O Vingador do Futuro (Total Recall) até Ereaserhead (de David Lynch) e claro, Vanilla Sky.

O final dúbio do filme, com o corte no piãozinho girando... predictable... 

De qualquer forma, é um filme que vale ver a pena no cinema, só preste bastante a atenção para não se perder!

Abraços 

2 comentários:

FLAMES (Mariana e Roberta) disse...

Olá.
É a minha primeira vez neste blog e pelo que vi até agora estou a gostar muito.
Em relação ao filme A Origem, tenho a dizer que concordo com tudo aquilo que disseste, com excepção para o facto de achares que os cenários nos sonhos foram muito comuns e que isso foi algo de negativo. São comuns, sim, mas sou da opinião que isso apenas contribuiu para que o espectador acompanhasse a história com mais facilidade e evitou que o filme caísse em exageros (isto dito por uma pessoa que se sentiu completamente enganada ao entrar numa sala de cinema para ver The Imaginarium of Doctor Parnassus). Pois, aquilo que realmente interessava não era fascinar o espectador com grandes cenários, penso que o grande objectivo do filme seria o de destacar a história e o conceito que esta apresenta.

Xakal disse...

Seja muito bem-vinda! obrigado pelo seu comentário!
Na verdade, o que eu quis dizer com "cenários comuns" (e não fui muito feliz na expressão) é que esperava um pouco mais de non-sense (concordo que não precisa ser no nível do Parnassus) mas um pouco mais de maluquice ia bem. Por exemplo: poderiam explorar melhor a idéia da escada sem fim, ou mesmo as mudanças de ambientes. Os personagens a medida que caminhavam o ambiente ia lentamente se transformando em outro, de forma mais mesclada. Claro, é tudo uma questão de opinião! Abraços!